Fixei a Dra. Luninski estupefacto. Era bem capaz de ter razão. Apesar de ser de um tipo diferente, compreendia com certeza melhor do que eu os sentimentos das outras mulheres. Assomou-se-me mais simpática e retorqui:
“Obrigada. Há muito tempo que ninguém me conseguia animar assim.”
Ela sorriu, mas eu tive a impressão de ver uma certa tristeza nos seus olhos... Apesar das toneladas de maquilhagem. Como se adivinhasse os meus pensamentos (salvo erro, pela segunda vez), ela começou a livrar-se das longas pestanas e eu gracejei:
“Postiças, claro!”
Tornou a sorrir:
“O senhor aprende depressa, Professor!”
Na verdade, as suas verdadeiras pestanas mal se viam, o que aliás deixava sobressair a beleza dos expressivos olhos castanhos.
“Você veste-se e pinta-se sempre dessa maneira nos seus tempos livres?”
“Bem, na verdade eu ia a caminho da discoteca... Quando esses doidos me raptaram.”
Lá vinha aquela tristeza, o que me fez sentir culpado. Balbuciei:
“Como lhe hei-de explicar... No fundo, fui eu o responsável...”
“Não se incomode Professor! Que mais faz?” Os olhos humedeceram-se-lhe. “Afinal, planeava suicidar-me!”
“O quê?!”
“Por causa do Karl.”
“Do Karl?”
“Sim, o meu ex-namorado alemão.”
Habituara-me tanto a falar e a ouvir falar alemão, que só agora achava curioso que aquela minha compatriota também o soubesse tão bem.
“Foi por causa dele que aprendeu alemão?”
“Não propriamente. Conheci-o já na Alemanha, onde estive dois anos, na sequência de um programa de permuta de estudantes entre universidades de vários países. Assim que lhe pus os olhos em cima, soube logo que ele era o amor da minha vida.” (tal e qual como eu e a Amanda). “Mudei-me para o apartamento dele e vivemos como num sonho. Mas chegou o dia em que tive que regressar à América.” Ela olhou para a mesa onde jazia ainda o meu jantar e perguntou: “Posso beber um pouco de água? Estou cheia de sede.”
“Sim, claro.” Enchi-lhe um copo e dei-lho. “Quer comer alguma coisa? O guisado está frio, mas também há pão, manteiga e...”
“Não obrigada. Onde ia eu?”
“Tinha acabado de regressar ao nosso país.”
“O Karl veio-me visitar passado meio ano. Eu encarava a possibilidade de me mudar para a Alemanha e acabar lá o curso, mas ele disse-me que ponderava vir viver para a América, onde havia também boas possibilidades de exercitar a sua profissão de fotógrafo freelancer. Pediu-me que esperasse mais algum tempo.”
Folhetim biebdomadário, todos os domingos e quartas-feiras! Estamos na América do ano 2112. Um cientista especializado em clonar animais extintos é raptado por uma comunidade de nazis vindos dos quatro cantos do globo, cujo objectivo é dominar o mundo. Metido num bunker, ele deverá clonar o Hitler a partir de um carvãozinho surripiado do local em que o corpo do dito cujo foi cremado.
Janela Indiscreta
Blogue recomendado por Pedro Rolo Duarte no seu programa Janela Indiscreta, da Antena 1, a 28-07-2010.
7 comentários:
Tive de ler o episódio anterior para me situar. Agora deram-se a conhecer...
Abraço do Zé
E?... Não se acaba um episódio assim. Não se corta a palavra a uma mulher.
Paciência, antonio, principalmente com as mulheres ;)
estou com o António.Gostei de mais um pequeno pedaço.
As mulheres são terríveis umas para as outras...
Oh! Kássia
Onde isto já vai. Hoje não tenho tempo para por a leitura em dia.
:))))
Sempre achei pouco higiénico colocar os olhos em cima de alguém...
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