Janela Indiscreta

Blogue recomendado por Pedro Rolo Duarte no seu programa Janela Indiscreta, da Antena 1, a 28-07-2010.

20 de outubro de 2010

29 º Episódio

Mas nisto, ela sorriu e perguntou:
“Quem é o Karl?”
Teria eu afinal uma hipótese? Àquela ideia, fui atacado por um fogo repentino, que estranhamente parecia ter começado nas minhas solas e me subiu até às pontas despenteadas do cabelo.
“Quer dizer que o esqueceu?”
“Há semanas que os meus pensamentos se ocupam exclusivamente de si.”
“De mim?”
“Sim. E você ocupa muito espaço. Não sobra nada para canalhas.”
“Porque não me disse nada? Ou me deu a entender algo? Esperei todo o tempo por um sinal seu.”
“A sério?”
“Claro. Receava precipitar-me, deitando tudo a...”
“Então e a Amanda?”
“Amanda?”
“Não espera que ela volte para si?”
Sorri:
“Quem é a Amanda?”
A Dra. Luninski fixou-me durante alguns momentos. Depois, sem qualquer pré-aviso, caiu-me em cima.
Foi isso mesmo, não o posso dizer doutra maneira: ela caiu-me em cima de tal maneira, que eu, desprevenido, tropecei à retaguarda e fui de encontro à parede, enquanto abria os braços, numa tentativa espontânea de manter o equilíbrio.
Bem, como já tive ocasião de afirmar, sou do tipo que precisa da atmosfera certa, do ambiente propício. Um laboratório, por exemplo, o meu amado local de trabalho, parece-me extremamente inadequado para actividades românticas. Além disso, nunca gostei que me caíssem em cima, prefiro os gestos suaves e subtis.
E então? Enervei-me? Considerei chamar a Dra. Luninski à razão?
Que ideia! Aquela mulher punha o meu mundo de cabeça para baixo, apagava da minha cabeça todas as regras que eu considerava necessárias para levar uma vida agradável.
Ali estava ela, agarrada ao meu pescoço, a beijar-me como uma possessa e deixando-me tão incendiado, que eu receei que os contornos do meu corpo ficassem marcados na parede. Ao tentar envolvê-la nos meus braços, a minha mão esquerda foi de encontro a uma prateleira, deitando ao chão todos os frascos e boiões que lá se encontravam. Frascos e boiões que continham amostras e substâncias únicas, que eu, cheio de paciência, havia recolhido durante a experiência e que, como sempre, guardara bem ordenadas.
Coisa para me pôr fora de mim... normalmente. Agora, era o corpo da Dra. Luninski que o fazia. Desapertei-lhe a bata e, depois de lhe acariciar o traseiro dentro dos jeans, as minhas mãos enfiaram-se por baixo da sua t-shirt. Sentia-lhe a pele macia e quente e comecei a desapertar-lhe o soutien. Mas, como sou desajeitado nessas coisas, a Dra. Luninski teve entretanto tempo de se libertar da bata e da t-shirt e ainda me desapertou e despiu a camisa.
Calcando os frascos e boiões, já de si arruinados, ela puxou-me consigo, até que embateu de costas numa mesa, onde se encontravam pastas de arquivo, contendo o registo de todos os passos do projecto que eu descrevera ao pormenor. Não reparando nas benditas pastas, ela começou a querer deitar-se sobre a mesa e eu, num gesto rápido, varri aquela papelada para o chão, antes que a Dra. Luninski magoasse as suas lindas costas.
As pastas fizeram barulho ao cair? Estragaram-se muito? Eu não fazia ideia, apenas fiquei eufórico ao constatar que conseguira finalmente desapertar o soutien, enquanto a Dra. Luninski já me atacava o cinto das calças.
Acariciava-lhe os seios fantásticos, quando ela levantou um pouco o tronco e enfiou a mão nas minhas calças. Mas, no calor da refrega, foi um pouco rude. Estremeci com a perna direita e bati com o joelho de encontro à mesa, desequilibrando-me. Tentei segurar-me com a mão sobre o canto da mesa, mas empurrei esta involuntariamente para trás, no preciso momento em que a Dra. se tentava novamente deitar sobre o tampo. Consegui, no último segundo, segurar aquele corpo precioso, antes que caísse estatelado no chão.
Tropeçámos sem rumo por sobre as pastas, estragando o resto que tinha sobrevivido à queda. Mal nos equilibrávamos e conseguimos finalmente aterrar no único tapete existente no laboratório. A Dra. Luninski já libertara uma das suas pernas dos jeans e da cuequinha, eu só consegui descer a minha roupa até aos joelhos, pois, quando dei por mim, já tinha penetrado na minha adorável parceira.
Dir-se-ia que tínhamos apostado em quem conseguia suspirar mais alto. Suspiros e gemidos que eu aliás considero frívolos, a partir de um certo volume. Porém, e como já referi, a minha vida havia sido virada do avesso.
Como hei-de descrever o que se passou depois? Vem-me à ideia um voo de dragão a cuspir fogo, queimando tudo à sua volta...
E, na verdade, deixámos um rastro de destruição atrás de nós.

6 comentários:

jota disse...

O que vai ser de tanto registo e arquivo? Que trabalheira para voltar a pôr no sítio.

Está giro :)

antonio ganhão disse...

As mulheres costumam deixar um rasto de destruição atrás de si... Tenho pena do doutor, um homem não devia estar sujeito a estas coisas.

Kássia disse...

Oh, coitadinho...

Daniel Santos disse...

e puseram fogo ao laboratório.

José Lopes disse...

Os cientistas costumam ser desajeitados, mas também não era preciso destruir a casa toda...
Cumps

Pata Negra disse...

Tranformação da pena em objectiva?! Parece-me que estou a ver o filme mas não me ponho na pele de nenhum dos actores, antes quer ter o papel principal, o de Hitler.
Bem descrita a atabalhaoda cenossexa.