E quais foram as suas primeiras palavras? Exactamente as mesmas que, tanto eu, como a Dra. Luninski, expressámos, quando nos tiraram a serapilheira das salsichas da cabeça:
“Onde estou?”
Agora, todos fixavam a sua atenção na Dra. Luninski. Ela sorriu embaraçada e acabou por dizer:
“Bom dia, Sr. Hitler... O senhor está... bem... no bunker, não é verdade?”
“No bunker?”
O Sr. Kornflock pigarreou ruidosamente e declarou:
“Regozijo-me com a sua recuperação, meu Führer. O senhor esteve... doente.” Olhou-o examinador e acrescentou: “Lembra-se de alguma coisa?”
Depois de um momento de silêncio, o clone replicou:
Depois de um momento de silêncio, o clone replicou:
“Doente?”
“Sim... mas já está bom. E nós estamos prontos para ouvir as suas ordens.”
“Ordens?”
O comandante ficou sem palavras. Preparava-me para intervir, quando se elevou o pio da Sra. Relot:
“O senhor é Adolf Hitler, o nosso Führer!”
A criatura fixou-a, a seguir soltou:
“Ai sou?”
Parecia não se lembrar de nada. Quase se podia apalpar a desilusão que os nazis emanavam. Eu sentia alívio. Pelos vistos, a Dra. Luninski e eu tínhamos criado um clone inofensivo. O que aliás podia acarretar más consequências, pois aqueles fanáticos haveriam de descarregar a sua frustração em cima de nós. Talvez conseguíssemos acalmá-los, dizendo-lhes que o seu amado Führer apenas precisava de ser novamente introduzido na ideologia nazi. Com isso, ganharíamos pelo menos algum tempo, enquanto não me surgisse uma nova ideia.
Parecia não se lembrar de nada. Quase se podia apalpar a desilusão que os nazis emanavam. Eu sentia alívio. Pelos vistos, a Dra. Luninski e eu tínhamos criado um clone inofensivo. O que aliás podia acarretar más consequências, pois aqueles fanáticos haveriam de descarregar a sua frustração em cima de nós. Talvez conseguíssemos acalmá-los, dizendo-lhes que o seu amado Führer apenas precisava de ser novamente introduzido na ideologia nazi. Com isso, ganharíamos pelo menos algum tempo, enquanto não me surgisse uma nova ideia.
Infelizmente, alegrara-me cedo demais. E afinal eu, melhor do que ninguém, devia saber que a Sra. Relot, apesar de possuir um cérebro inútil, era persistente:
“O senhor precisa de nos dar as suas ordens, meu Führer? Como poderemos nós nazis de outra maneira dominar o mundo?”
“O senhor precisa de nos dar as suas ordens, meu Führer? Como poderemos nós nazis de outra maneira dominar o mundo?”
O rosto do clone endureceu e ele repetiu:
“Nazis! Dominar o mundo!”
Saltou da cadeira.
Quem já viu os tais filmes antigos, sabe que o Hitler tinha uma maneira muito peculiar de fazer os seus discursos: gesticulava enérgico com o seu braço direito, em movimentos duros, fazendo o corpo balançar-se rígido, descontrolando a repa.
Desta vez, porém, não lhe saía um discurso fluido, limitava-se a lançar as suas palavras de ordem preferidas:
“Dominar o mundo... a nação alemã... os nossos soldados combatem numa guerra gloriosa... eliminar o inimigo!” Neste ponto, elevou o tom: “Eliminar o inimigo... todos os inimigos... a escumalha da humanidade!”
Os nazis explodiram em aplausos. A Dra. Luninski e eu olhámo-nos assustados. O clone prosseguiu:
“Campos de concentração para a escumalha da humanidade! A raça ariana vencerá!”
Reparei que o medo na face da Dra. Luninski se transformava em indignação e raiva.
“Os arianos, descendentes dos antigos germânicos, são uma raça superior!”
Os olhos da Dra. Luninski fulminavam-no furiosos. Eu só rezava para que ela se controlasse e mantivesse a boca fechada. O clone lançou:
Os olhos da Dra. Luninski fulminavam-no furiosos. Eu só rezava para que ela se controlasse e mantivesse a boca fechada. O clone lançou:
“Por isso, ordeno que...”
Que, o quê? Neste preciso momento, a criatura interrompeu-se. Os nazis esperavam suspensos pela fórmula que lhes permitia dominar o mundo. Eu estava à beira do pânico.
A criatura não prosseguia, fixava o vazio. O que me encheu de esperança. Parecia mesmo que estava prestes a tornar a cair na cadeira, adormecendo.
7 comentários:
Espectáculo! Vai falar e... adormece. Bem feito, nazis de segunda! Eh eh eh
A contrafacção não compensa... mas a história promete. E se alguém com um discurso desconexo chegar a dominar o mundo? (Não, não é uma piada ao Sócrates)
Então o clone já fala? Bem, vamos lá a ver se não vai ser pretexto para mais uma guerra...
Abraço do Zé
interessante... terão de facto ter clonado a mente?
Boa história a caminho dum destino incontornável: Impossível repetir-se a História!
Um abraço escaldado
Schöne Kassia:
Eu passo aqui e leio a correr. Confesso. Quando tiver mais tempo lerei com mais cuidado.
:)))
Não sei se os nazis da sala se lembram, mas pelas últimas ordens do Fuher perderam a guerra. Um clone levará o mesmo caminho...
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