O Sr. Kornflock surgiu à hora combinada, acompanhado pelo mexicano. O alemão observou-me em silêncio através dos seus óculos redondos (porque é que os alemães gostam tanto de observar assim as pessoas?) e perguntou depois:
“Tem boas notícias para me dar, Professor?”
Eu pigarreei e permiti-me mais uma mentirinha:
“Infelizmente, ainda não lhe sei dizer se o carvãozinho terá alguma utilidade...”
“Já se passou uma semana, meu caro. Pensei que você fosse bom.”
“E sou, caro comandante. Mas estive doente. Além disso...” Não tinha escolha, fui forçado a revelar, embora o fizesse em voz baixa: “Além disso, preciso de ajuda.”
O Sr. Kornflock fixou-me durante alguns instantes (para variar). Em seguida, repetiu:
“Ajuda?!”
“Sim, preciso de alguém a meu lado que seja versado em procedimentos deste tipo.”
“E só agora você me diz uma coisa dessas?!”
“Desculpe, mas pensei que conseguiria fazer tudo sozinho. Mas, pelos vistos, foi demais para mim... Até fiquei doen...”
“Já sabemos, não se repita!” Coçou o queixo pensativo. “Demoraria o seu tempo a preparar mais um rapto. Talvez estivesse algum dos nossos companheiros em condições de o ajudar.”
Aquilo não me agradava. Com um deles a espreitar-me por sobre o ombro, sentir-me-ia espionado. Além de que, em caso de necessidade, não poderia adiar o projecto a meu bel-prazer. Por outro lado, evitaria um novo rapto.
O Sr. Kornflock dirigiu-se ao mexicano:
“Que tal você, Lacucaracha?”
“Eu?!”
“Sim, você não conhece a parafernália?”
“Ora, com o devido respeito comandante, eu sou um homem de papéis, a minha especialidade é a burocracia. Não percebo patavina dessa história de células e cromossomas.”
Resolvi intervir:
“É isso mesmo. Preciso de alguém que entenda de Química e Biologia.”
“Química e Biologia”, murmurou Kornflock pensativo. Depois, declarou entusiasmado: “Temos uma técnica de farmácia entre nós!”
“Uma técnica... Não, isso não chega. Essa senhora não tem evidentemente experiência em processos de clonagem e...”
“A discussão acabou”, interrompeu-me o Sr. Kornflock. “A nossa companheira francesa, a Sra. Matrix Relot, apresentar-se-á em breve no seu laboratório.”
“Mas uma técnica de farmácia nunca lidou com...”
“Então, terá você que a treinar no procedimento, Professor! E trate de acelerar o processo, exijo resultados!”
Rodou sobre os tacões e desapareceu com o mexicano.
12 comentários:
Uma francesa? Pronto, está tudo perdido...
Uma francesa colaboracionista? Esta coisa complica-se...
Cumps
Bem, os franceses já não são como dantes e as francesas deixam muito a desejar... os grandes projectos começaram por ser esboçados a partir de um pedaço de carvão refinado. Quem sabe?
Vamos lá ver como nos sai esta francesa...
Beijinhos a todos :)
Vim dizer olá.
às vezes acordo com um escorpião dentro de mim...
Mas a verdade é que foi assim que o Hitler subiu ao poder!
Gostei do seu texto
Simplesmente gostei
isso com a francesa já está no ponto certo.
Pppffff.. Franceses... Sempre os mesmos traiadores, cobardes, colaboracionistas...
Nem se podia esperar outra coisa deles...
Vamos a ver o que é que isto vai dar...
The plot thickens...
Voltaire, desconfio que estamos em sintonia...
E ao menos a francesa anda com a baguete debaixo do sovaco? ;)
Beijocas!
PS: não, o record está em 409 comentários, no tempo em que eu quase não tinha vida além do blog.
Vou começar pelo 1º episódio.
A propósito, quantos episódios vai ter a saga?
Desde que os reduzi para metade e comecei a publicar dois por semana, serão entre 45 a 50 (é "Cloning" durante cerca de meio ano).
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