Janela Indiscreta

Blogue recomendado por Pedro Rolo Duarte no seu programa Janela Indiscreta, da Antena 1, a 28-07-2010.

28 de novembro de 2010

40º Episódio

O clone suicidou-se com um tiro na cabeça (o verdadeiro Hitler, antes de dar o tiro, colocou uma cápsula de cianeto na boca, a fim de se assegurar de que morria mesmo, tanto era o medo de sofrer às mãos do inimigo). O seu corpo foi reduzido a cinzas no crematório, para que dele não sobrasse nem um... prometo que o digo pela última vez: “nem um carvãozinho”.
            Ninguém pode prever o futuro, mas de uma coisa eu tinha a certeza: não mais haveria clones do Hitler... ou haveria? Afinal eu estou convencido de que um dia poderemos viajar no tempo. Cientistas meus amigos que se dedicam a esse tipo de projecto têm feito progressos, muitos dizem mesmo que o princípio que permitirá essas viagens é muito mais simples do que o que se imagina. Conclusão: o futuro ficará para sempre uma incógnita, ou, para usar uma expressão velhinha: o futuro a Deus pertence!
            Mas agora, qual era a minha situação e a da Chanel? Estávamos livres? O que pretendiam fazer os restantes nazis? Perante o mundo, eram inofensivos, mas era bem possível que endoidecessem de vez naquele bunker. Considerámos ir ter com o Sr. Cebolo e lembrá-lo de que ele e os seus compinchas já não precisavam de nós. Mas hesitávamos, pois aqueles que não eram de utilidade para os nazis eram, por princípio, executados.
            Meu Deus, mas quando acabaria aquele pesadelo? Comecei a sofrer de claustrofobia no maldito bunker. Sentia a falta das árvores, da erva, das plantas, do barulho das crianças a brincar, do ladrar dos cães, do zumbir das abelhas, do vento, da chuva, da cidade, do stress, de carros em excesso de velocidade, da poluição, de engarrafamentos, de programas de televisão estúpidos, de discussões com os vizinhos... de tudo! Tudo era preferível àquela catacumba! Apesar de lá ter sido tão feliz com a Chanel. Mas nós desejávamos uma vida em liberdade, livre de medos.
            Talvez devêssemos apenas partir. Sabíamos onde estavam os carros e chegaríamos lá depressa, nem sequer precisávamos de levar bagagem. Se o fizéssemos, alguém tentaria evitar que o conseguíssemos? Alguém nos daria um tiro?

5 comentários:

jota disse...

Mas eles não estavam num bunker? Fechados? Como é que sabiam onde estavam os carros? Talvez por serem cientistas, talvez tenham boa memória...

Estava à espera de uma morte do clone mais dramática. Estes nazis são muito apáticos...

Cristina Torrão disse...

No bunker há uma garagem, onde se guardam as viaturas e onde se acede ao exterior através de um túnel. Também os raptados por aí passaram, embora, na altura, tivessem a cabeça coberta. Mas, passados quatro meses, em que, mais ou menos, se familiarizaram com alguns dos nazis, lá foram conhecendo "os cantos à casa" (talvez o Jota não tenha lido os primeiros episódios, relatando o rapto do Professor).

antonio ganhão disse...

Alguém destruiu o material usado na clonagem? Já conhecia o amor e uma cabana, agora temos o amor e um bunker...

Quanto ao verdadeiro Hitler, alguma vez o chegaremos a conhecer?

Daniel Santos disse...

eu fugia.

Kássia disse...

Sim, claro. Mas este compasso de espera também serve para ter uma última conversa com o português ;)